Saber se estamos desenvolvendo o projeto ideal para o público correto é um grande desafio, especialmente se a relação equipe-cliente não estiver bem alinhada. Nesse cenário, acabamos fugindo do escopo, criando funcionalidades desnecessárias. Isso consome tempo e recursos, além de resultar em um produto sem propósito e sem utilidade. Com isso em mente, alguns funcionários da Google desenvolveram um método de rápida validação para projetos: o Sprint.
O Sprint é como uma corrida de 5 dias. Nele traçaremos o plano, pensaremos em novas ideias, criaremos esboços, montaremos um protótipo e (finalmente) apresentaremos para o público alvo. Com isso, podemos saber se o produto está realmente pronto para o seu desenvolvimento real.
Antes de Começar…
Antes de iniciar nossa semana de Sprint, é preciso escolher os membros da equipe. Recomenda-se que a equipe tenha entre 4 e 7 membros; mais do que isso pode atrapalhar e atrasar o projeto. Cada membro terá um papel pré-definido com tarefas específicas. São eles:
- Definidor: É quem vai tomar as decisões. Deve ser alguém que conheça bem a empresa e como ela funciona. Normalmente são CEOs ou alguém com cargo alto de gestão, mas se essas pessoas não puderem participar é interessante que eles indiquem alguém de confiança para o lugar, pois será necessário participar de todos os dias da Sprint.
- Especialista em Finanças: Em geral, é o CEO ou um Gerente Financeiro. Ele vai deixar claro de onde o dinheiro vem e como ele será aplicado no projeto. Sua participação é fundamental, especialmente nos primeiros dias.
- Especialistas em Marketing: Responsável por transmitir a mensagem da empresa e formular a maneira que ela é difundida, ele pode montar planos de “venda” para o produto. Pode ser o Diretor de Marketing ou o Relações Pública.
- Especialista no Consumidor: É a pessoa que conhece bem o consumidor final e vai identificar se o público vai estar interessado no produto ou não. (Ex: Vendas, Atendimento ao Cliente, Gerente de Comunidade)
- Especialista em Tecnologia/Logística: Pode ser um Gerente de TI ou Gerente de Logística. Esse especialista indicará como a empresa vai produzir o produto se aprovado, quanto tempo em média ele vai demorar até ficar pronto e outras especificações técnicas.
- Especialista em Design: É um designer que vai deixar o projeto com a cara da empresa, deixando o público mais engajado. Além disso, é ele que vai ajudar na implementação do protótipo que será apresentado.
Compreendido o papel de todos, estamos prontos para dar inicio a semana.
Segunda-feira
No primeiro dia, devemos definir um objetivo de longo prazo a ser concluído. Ou seja, precisamos começar pelo “fim”. Todos os membros da equipe devem participar de discussões e debater sobre a ideia, cada um dentro da sua especialidade. Por exemplo, os desenvolvedores abordam a tecnologia, o especialista financeiro avalia os custos, os designers analisam a interface e por aí vai.
Não se trata de um Brainstorming, não é isso o que queremos. Tudo será bem organizado para que cada um fale no seu tempo. Após a conversa inicial, listamos os pontos discutidos e mapeamos aqueles que mais se aproximam. Também é fundamental, durante esse processo, anotar as perguntas, pois elas ajudarão no desenvolvimento da ideia.
Terça-feira
No segundo dia, vamos fazer esboços no papel. Cada um mostra sua versão da ideia pronta. Não precisa ser perfeito, bastam alguns rabiscos para exemplificar o pensamento.
Uma técnica que ajuda muito nesse momento é a dos Crazy 8s, no qual os integrantes tem 8 minutos para criar 8 formas diferentes para a ideia. Podem ser telas, por exemplo. Isso nos dará uma variedade de opções e pensamentos, pois teremos 8 rabiscos diferentes entre si. Para o Crazy 8s ficar perfeito, temos que seguir algumas regras:
- Autoexplicativo: Ao olhar o esboço, todos deve visualizar e compreender a ideia logo de cara.
- Anônimo: É interessante que os esboços não tenham o nome de quem o fez, pois fica mais fácil tecer criticas e posteriormente fazer a votação.
- Não tem problema ficar feio: Nem todo mundo é um artista e isso não é um problema. Os esboços não precisam ser perfeitos, basta que sejam autoexplicativos.
- Palavras: Elas ajudam a entender melhor o que está no esboço. Elas transformarão o que você desenhou em algo mais compreensível.
- Um titulo chamativo: Como os esboços serão anônimos, um titulo ajuda a identificar e a chamar atenção para o que você tem em mente.
Quarta-feira
Aqui é o dia de escolhas. Temos diversas esboços à disposição, mas pouco tempo para decidir. Não dá para fazer um protótipo de todas elas, por isso precisamos definir qual será o esboço escolhido. Fazemos isso filtrando ideias, melhorando algumas existentes e finalmente votando no esboço que mais se encaixa com a proposta. Todo esse processo segue alguns passos bem definidos, são eles:
- Museu de arte: Iremos colar os esboços em alguma parede ou lousa e vamos analisar cada um em silêncio.
- Mapa de calor: Cada pessoa receberá duas fitas para colar nos esboços que preferir. Obviamente, é interessante não votar no seu esboço, buscando ideias legais nos outros esboços.
- Criticas relâmpago: A equipe se reúne rapidamente e discute um pouco sobre as mais votadas, tentando encontrar pontos em comum entre eles
No caso de empate, a equipe discutirá qual é a melhor opção, levantando pontos interessantes que podem ser trabalhados.
Quinta-feira
É o dia de por a mão na massa. Agora vamos montar o protótipo para apresentar na sexta-feira, então temos que definir bem o que cada um vai fazer no dia para termos a maior produtividade possível. A equipe deve ser criativa e rápida, usando ferramentas que todos já conhecem e sabem trabalhar.
Importante lembrar que um prototipo é algo descartável e não é a versão final do projeto, mas sim algo que vamos apresentar para clientes em uma entrevista, então precisa passar a ideia correto do que ele faz e como faz, assim quem testa-lo vai conseguir entender muito bem o que acontece
Sexta-feira
Depois de tanto trabalho, finalmente chegamos no último dia. Aqui vamos nos reunir com potenciais clientes e mostrar o protótipo. Ele vai apontar o que foi positivo e negativo em relação a interação com o protótipo. É muito importante anotar tudo o que ele falar, ou até gravar, para que a equipe reveja as críticas e saiba onde deve melhorar.
É interessante fazer a entrevista sem que o cliente saiba qual produto ele vai testar. Dessa forma, suas reações ao manipular o protótipo serão mais reais e inesperadas, já que ele não sabe o que pode acontecer. Além disso, você irá perceber se a fluidez de navegação do seu protótipo atende a sua necessidade.
Considerações Finais
Com todos esses passos você será capaz de concluir a sua Sprint. Talvez a primeira não saia 100% como planejado, mas isso é normal. É um processo que vai se aperfeiçoando com as tentativas, então em pouco tempo você vai masterizar esse processo com a equipe. Depois de um tempo, você pode até tentar algumas coisas mais arriscadas, como diminuir o tempo da Sprint ou coisa do tipo.
Caso você resolva aplicar essa mesma metodologia no seu trabalho ou projeto pessoal, recomendo a leitura oficial dos idealizadores.
Bons estudos!
Referências
Google Design Sprint: como funciona e como aplicar no seu projeto